Uma tragédia familiar com contornos de violência e abuso foi registrada em Campinorte – Goiás, após uma mãe ser presa suspeita de matar a filha de apenas dois meses, portadora de deficiência. O caso veio à tona na última sexta-feira (29), quando a bebê deu entrada no Hospital Municipal da cidade com hematomas nas coxas e no tórax, segundo informações da Polícia Civil.
De acordo com o delegado Peterson Armin, o caso revelou um histórico de violência e relações incestuosas. A mãe do bebê, que também tem uma filha mais velha com deficiência, teria tido as duas crianças em uma relação com o próprio pai, que também era avô das meninas. “Os laudos apontam que a criança morreu devido a um traumatismo cranioencefálico, compatível com a síndrome do bebê sacudido, o que levou à prisão da mãe por feminicídio”, informou o delegado.
Mãe mentiu ao levar a criança para o hospital
Na madrugada de 29 de novembro, a mãe levou a bebê ao hospital alegando que ela teria se engasgado. No entanto, exames médicos revelaram sinais de violência, incluindo hematomas nos braços e manchas hipostáticas no tórax. O laudo cadavérico confirmou que a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico.
A mãe, em depoimento, alegou que morava sozinha e encontrou a filha já sem vida. No entanto, imagens de câmeras de segurança do hospital mostraram que ela chegou acompanhada de um homem e da filha mais velha. Essas contradições levaram à sua prisão.
Enquanto isso, a Polícia Militar identificou o pai/avô das crianças escondido em uma chácara na zona rural do município. Ele, que estava foragido da Bahia por ter matado a ex-esposa – mãe de sua filha e companheira –, reagiu à abordagem policial, disparando contra os agentes. No confronto, ele foi baleado e morreu no hospital.
Revelações e investigação
A relação incestuosa entre a mãe e o pai/avô foi determinante para as deficiências congênitas nas crianças. O histórico do homem, que usava duas identidades diferentes, inclui o feminicídio da ex-esposa e outras passagens criminais.
Exames de DNA foram solicitados para confirmar as relações familiares. Perícias foram realizadas na residência da família, no hospital onde o bebê foi atendido e no local do confronto entre o pai/avô e a PM.
O caso está sendo tratado como feminicídio contra o bebê e o inquérito segue para apurar a responsabilidade da mãe e outros detalhes sobre o envolvimento do pai/avô na tragédia. A mãe foi encaminhada ao presídio feminino de Barro Alto, onde permanece à disposição da Justiça.
Abuso e ciclo de violência
O caso evidencia o impacto devastador de relações abusivas e violência doméstica. Especialistas alertam para a necessidade de redes de proteção mais efetivas, especialmente em situações de vulnerabilidade como essa. “Esse tipo de crime é fruto de um contexto de abuso prolongado, no qual as vítimas frequentemente não conseguem romper com o ciclo de violência”, destacou uma fonte policial.
As investigações continuam para esclarecer os detalhes do crime e assegurar que os responsáveis sejam devidamente punidos.
Imagem da família (Fonte: Polícia Civil)